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quinta-feira, 9 de maio de 2013

Uma noite alucinante, a morte do demônio.


Groovy!
Após uma longa pausa neste blog, resolvi que deveria voltar à ativa para falar do filme mais esperado do ano (por mim pelo menos). Estou falando do remake de um clássico do terror e da comédia também, Evil Dead de Fede Alvarez é uma homenagem mais do que merecida à obra prima de Sam Raimi. O filme original, devo dizer, vi poucas vezes, mas reconheço como uma obra memorável do horror. O que tenho na minha recordação são as cenas clássicas do Uma Noite Alucinante que fiquei feliz de ver adaptadas à nova versão.
A primeira notícia que tive dessa produção foi O pôster. Aquele com uma garota visivelmente com problemas e os dizeres “The most terrifying film you will ever experience”. Com toda certeza, se o A Morte do Demônio original pareceu ser, mesmo com os efeitos trash da época, incrivelmente assustador, mesmo agora quando revi para me lembrar. Mas foi o trailer do novo Evil Dead que prometeu mesmo. Me enchi de expectativas sobre o filme, mas com um histórico de decepções, achei melhor não esperar tanto, mesmo o vídeo de dois minutos e oito sendo bem específico quanto a quão foda seria.  
Fui ao cinema no dia 24 esperando apenas ver Evil Dead, com melhores efeitos, talvez uns sustos melhores. E saí satisfeito e encharcado de sangue. Não apenas nostálgico e mais decente, mas fiel. Não vou mentir que seja outro clássico, nem que seja perfeito em comparação com os originais, mas sinceramente, filme de terror que presta é um ou dois a cada dez anos e esse, com toda certeza, vale a pena ter na coleção. É um tributo com o melhor dos dois primeiros filmes, mais algumas curiosidades. Recomendado ver no cinema e legendado. E sozinho, como eu mesmo fiz.

memento mori
E agora, Crítica com Spoilers:
CARALHOOOO!!! CHOVE SANGUE!!! Você não tem noção: CHUVA – DE – SANGUE!!!!  Hahá, esse filme foi perfeito como uma lembrança, colocando menções sutis aos filmes originais e ainda assim, sendo original, tendo um identidade própria. Mas eu sempre penso muito melhor dos filmes mais emocionantes, apenas na primeira vez que os vejo. Será que Evil Dead de Fede Alvarez, é mesmo tão perfeito?
Vejamos que o filme começa bem, te dando carisma com os personagens. Ele não perde tempo com todos os personagens, apenas nos principais, os irmãos Mia e David, e na relação deles com o resto do grupo. Para resumir os elementos que são espalhados pelo filme, Mia se tornou viciada após acompanhar a mãe em seus últimos dias de vida, enquanto David havia os abandonado. O filme começa quando o grupo de amigos e o ausente David se reúnem numa velha cabana da família para tentar mantê-la longe das drogas. Tudo isso chega ao conhecimento do público apenas a partir de diálogos, o filme é bem subjetivo, não mostrando personagens nem lugares que estejam fora da trama. Quando chegam, eles percebem que a casa foi invadida, e quando Mia começa a sofrer com a abstinência, sente o cheiro forte de algo na casa. Indo para o porão eles encontram os restos de vários gatos pendurados no teto e um livro bem embrulhado com plástico e arames farpados. Isso se deve a um ritual de banimento que aparece no prelúdio do filme.
Achei bem interessante a maneira como o psicológico foi usado aqui, mais intenso e perigoso que no original. Ela está tendo abstinência, mas é normal se mutilar dessa forma? Podemos estar infectados com algum vírus desconhecido que proliferou dos animais mortos no porão? Qualquer dúvida desaparece quando carne, ossos e sangue se separam e se espalham.
De negativo, posso citar alguns pontos que me deixaram desconfortável.  A imagem que eu tinha do antigo era o herói, que decepou a própria mão para não ser possuído (embora ele fosse um vez) e lutava bravamente sem ela. No filme, duas pessoas perdem a mão. Primeiro, a namorada do David, numa ação parecida com a de Ash no filme antigo, mas mesmo assim ela fica possuída. E depois a própria Mia, quando volta dos mortos, e mesmo achando que uma viciada em recuperação que acabou de ver o irmão morrer, teria pouca motivação pra arrancar a mão na base da porrada como ela fez. Por fim, achei estranho ter tantos finais, a luta entre David e Mia possuída, a última conversa enquanto ele a enterrava viva, então um twist e ele a ressuscita (o que na verdade, eu achei genial) , então, quando você pensa que ela ainda está possuída, ou eles vão embora, Eric volta como um zumbi e ataca David, que se mata heroicamente. Então Mia sobrevive, você vê mais uma menção ao original, a corrente jogada formando uma caveira, e de repente... começa a chover sangue e o demônio sai do chão!!! (o que na verdade também achei foda).
Parece que até nos pontos negativos se esconde algo de bom nesse filme. Por fim, uma cena que eu acho que vai ficar icônica, ou pelo menos serve pra fazer um pôster e pendurar na sala. Mia, motherfucking enfiando a motosserra na cara do capeta, com uma mão só, coberta de sangue, com toda a pose de herói esmigalhando demônio que Ash tinha nos anos 80.
Sem mais o que dizer, encerro a zona de spoilers. 10:49 09/05/2013

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

The Birthday Massacre

The Birthday Massacre é uma banda canadense, Originalmente chamada Imagica, que lançou o primeiro álbum independentemente, o Nothing and Nowhere. Eles não têm uma história realmente interessante além disso e com certeza não têm muito estilo como você pode ver nos garotos da banda nesse clipe. Os moleques têm uma ismilinguidência típica de EMOs, mas eles são de uma época anterior a essa desonrThe Birthday Massacre é uma banda canadense, Originalmente chamada Imagica, que lançou o primeiro álbum independentemente, o Nothing and Nowhere. Eles não têm uma história realmente interessante além disso e com certeza não têm muito estilo como você pode ver nos garotos da banda nesse clipe. Os moleques têm uma ismilinguidência típica de EMOs, mas eles são de uma época anterior a essa desonra e os clipes e músicas são mais do que dignas de se se escutar. Aqui vai a primeira música que escutei deles, um clipe bem interessante.

Looking Glass.a e os clipes e músicas são mais do que dignas de se se escutar. Aqui vai a primeira música que escutei deles, um clipe bem interessante.

Looking Glass.


segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A besta está em nós

Hoje eu vi uma notícia que me deixou chocado. Falava sobre um rapaz que, neste sábado,  voltava do trabalho, seu primeiro emprego, com a namorada. Levava um presente para seu pai, a ser entregue este domingo, dia dos pais. Quando entrou no ônibus, esbarrou acidentalmente numa mulher com um bebê. Ela reclamou e um homem que nem a conhecia começou a gritar com o garoto. Acho que não importava se o garoto foi realmente mal educado, respondendo à mulher, ou se ela é que era ignorante e queria armar um barraco. Acontece. Mas esse homem não tinha nada a ver com o assunto. Ele ligou para alguém, e dois pontos depois, entrou um comparsa no ônibus que atirou no rapaz. E o matou.
Isso aconteceu este sábado sete de agosto de 2010, próximo a Nova Iguaçu, Rio de Janeiro. É próximo de onde eu moro, pode ser um ônibus que eu pego com freqüência. Poderia ter acontecido comigo, poderia ter acontecido com um amigo meu. E ontem enquanto eu almoçava com meu pai, o pai desse rapaz chorava. E ainda chorava dando depoimento para a televisão.
Por que isso?
Quem são essas pessoas que andam pelas ruas e pensam que podem fazer o que quiserem? Que quem se magoar com seus atos monstruosos está lhe insultando e deve dar satisfação? É isso que se passa por suas mentes, que ELES são justos num mundo de incompetentes arrogantes? Mas eu digo, pessoas assim renunciam aos próprios direitos violando o dos outros dessa forma, pessoas assim que deveriam morrer todos os dias. O direito à vida é assegurado a todos pois não importa qual o erro é creditada a uma pessoa a capacidade de aprender a respeitar, de aprender a não repetir o erro. Mas essas pessoas são punidas e voltam a agredir os outros, por diversão. E a nós só resta lamentar e rogar esperançosamente que um dia eles entendam o sofrimento que causaram e sofram de remorso. Mas que sofram muito.

Link:A reportagem sobre o assunto aqui

Memento mori.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

O Horror do Mundo Real

Ao acordar de um pesadelo, um dos piores que você já teve, você apenas acha desagradável ter perdido o sono com algo “ruim” ou aproveita a sensação reconfortante de notar que não era real? Se fica chateado pense que seria muito pior se fosse real.
Todos os dias o mundo nos presenteia com notícias macabras gratuitas pela TV e, se você tiver disposição, pode comprar um jornalzinho de um real que vem encharcado em sangue. As melhores(ou piores, você quem escolhe) histórias de terror não tem qualquer elemento de sobrenatural. Assassinatos, estupros, torturas e outras atrocidades são cometidos por pessoas e que ninguém venha pôr a culpa em demônios, hábitos ou na religião da vítima ou do agressor. O pior (e dessa vez é o pior mesmo) monstro, a pior praga para a natureza, o algoz da humanidade é a própria humanidade.
Nas postagens com a etiqueta Horror do Mundo Real desejo expor casos publicados com intenção de alertar aos eventuais leitores sobre as formas que o horror toma forma no dia-a-dia. E se possível, apontar à estupidez de alguns criminosos em cometer os crimes. Como nesse caso recente, que muito incomodou por causa de toda atenção dada. O jogador Bruno do flamengo!!! Correndo o risco de fugir do clima vou dizer o que eu penso. O maluco tinha futuro; iam chamar ele pra jogar na Europa, ele já era rico. Num sei se ele era casado e não quero saber. É irrelevante. Uma garota engravida dele, aparentemente apenas para conseguir dinheiro...e ele, uma pessoa conhecida, com tudo para estar nadando em dinheiro, não era um completo idiota, ou seja, tinha conhecimento das alternativas legais para resolver a situação...manda o amiguinho matar a garota!!!      [maldição]
E além disso, aí que entra o detalhe macabro, esquartejam o corpo, DA MULHER GRÁVIDA, e dão pros cachorros comerem!!! Pra que isso???? E por quase um mês, nem sei, quem quer ouvir uma notícia importante é obrigado a escutar essa exaltação à estupidez que é toda a atenção que dão a esse homem. É uma formula especial, jogue fora uma bela carreira, sua liberdade, duas vidas e em troca ganhe um mês de notícias sobre você...tudo pra não levar o golpe da barriga...parabéns.
dê mais alguns meses, quando a Globo parar de falar no assunto, vão surgir um ou até dois imitadores...significa que alguém, com as mesmas oportunidades de vida ou não, vai matar uma mulher grávida só pra aparecer na TV. Não importa o que os repórteres digam, o que ele diga...é só pra chamar a atenção.
E esses são os humanos.


memento mori.

terça-feira, 6 de julho de 2010

O Corvo

Quando você começa a se interessar por leitura, e já gosta dos maravilhosos contos de terror, nomes de grandes autores vêm a seus ouvidos com freqüência. Autores de grandes clássicos que nunca devem ser esquecidos.
Edgar Allen Poe é um deles, e seu poema O Corvo é sua obra mais conhecida. Aqui lhes ofereço este escrito genial, na tradução de Fernando Pessoa, que infelizmente não faz justiça ao drama de Allen Poe. Posteriormente publicarei o original em inglês. Devo futuramente me aventurar a fazer minha própria tradução, correndo sério risco de perder a preciosa rima que marcava o estilo do autor.
      O CORVO * (de Edgar Allan Poe)
      Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
      Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
      E já quase adormecia, ouvi o que parecia
      O som de algúem que batia levemente a meus umbrais.
      "Uma visita", eu me disse, "está batendo a meus umbrais.
      É só isto, e nada mais."
      Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro,
      E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
      Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
      P'ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais -
      Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
      Mas sem nome aqui jamais!
      Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais! Mas, a mim mesmo infundido força, eu ia repetindo, "É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais; Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
      É só isto, e nada mais".
      E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante, "Senhor", eu disse, "ou senhora, decerto me desculpais; Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo, Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais, Que mal ouvi..." E abri largos, franqueando-os, meus umbrais.
      Noite, noite e nada mais.
      A treva enorme fitando, fiquei perdido receando, Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais. Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita, E a única palavra dita foi um nome cheio de ais - Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.
      Isso só e nada mais.
      Para dentro então volvendo, toda a alma em mim ardendo, Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais. "Por certo", disse eu, "aquela bulha é na minha janela. Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais." Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.
      "É o vento, e nada mais."
      Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça, Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais. Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento, Mas com ar solene e lento pousou sobre os meus umbrais, Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais,
      Foi, pousou, e nada mais.
      E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura Com o solene decoro de seus ares rituais. "Tens o aspecto tosquiado", disse eu, "mas de nobre e ousado, Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais! Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais."
      Disse o corvo, "Nunca mais".
      Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro, Inda que pouco sentido tivessem palavras tais. Mas deve ser concedido que ninguém terá havido Que uma ave tenha tido pousada nos meus umbrais, Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,
      Com o nome "Nunca mais".
      Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto, Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais. Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento Perdido, murmurei lento, "Amigo, sonhos - mortais Todos - todos já se foram. Amanhã também te vais".
      Disse o corvo, "Nunca mais".
      A alma súbito movida por frase tão bem cabida, "Por certo", disse eu, "são estas vozes usuais, Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais, E o bordão de desesp'rança de seu canto cheio de ais
      Era este "Nunca mais".
      Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura, Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais; E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira Que qu'ria esta ave agoureia dos maus tempos ancestrais, Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,
      Com aquele "Nunca mais".
      Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo À ave que na minha alma cravava os olhos fatais, Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando No veludo onde a luz punha vagas sobras desiguais, Naquele veludo onde ela, entre as sobras desiguais,
      Reclinar-se-á nunca mais!
      Fez-se então o ar mais denso, como cheio dum incenso Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais. "Maldito!", a mim disse, "deu-te Deus, por anjos concedeu-te O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais, O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!"
      Disse o corvo, "Nunca mais".
      "Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta! Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais, A este luto e este degredo, a esta noite e este segredo, A esta casa de ância e medo, dize a esta alma a quem atrais Se há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais!
      Disse o corvo, "Nunca mais".
      "Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!", eu disse. "Parte! Torna á noite e à tempestade! Torna às trevas infernais! Não deixes pena que ateste a mentira que disseste! Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais! Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!"
      Disse o corvo, "Nunca mais".
      E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais. Seu olhar tem a medonha cor de um demônio que sonha, E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão há mais e mais,
      Libertar-se-á... nunca mais!
    Fernando Pessoa

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Fallout, uma previsão sinistra; e possível...



War, war never changes...
Grandes civilizações do passado, que duraram milênios mais que a nossa, ruiram por causa de guerras e crises resultantes delas. O que se segue após essa queda é um longo período de trevas, onde os sobreviventes se reunem nas ruinas tentando se manter, sem leis. Os mais fortes, com mais posses, fazem as novas leis. Quem estiver sozinho morre. Foi assim com a queda de roma, dando inicio à idade média, e será assim após a guerra nuclear.

A série de jogos para computador Fallout conta histórias pós-guerra nuclear passadas em grandes cidades americanas. Tratam-se de jogos de RPG eletrônico. Significa que há uma grande história que pode mudar de rumo dependendo das ações e diálogos do jogador. Fallout 3, que foi o que eu joguei, pode ter um final com um sacrifício dramático e heróico, pode ter um fim apenas heróico, ou um extremamente catastrófico causados pelo egoísmo e a ganância do protagonista. O protagonista sempre é um morador de um dos Vaults, abrigos subterrâneos construídos na iminência da guerra para abrigar quem pudesse pagar. Em cada jogo há um bom motivo para o personagem sair de seu abrigo para um mundo selvagem( daí o nome do jogo; “cair fora”). No primeiro jogo um equipamento importante do Vault 13 para de funcionar e o herói deve procurar outro antes que seus companheiros morram. No fallout 3, o de melhores gráficos até agora, o pai do personagem foge do Vault 101, na Washington de 2277, conhecida como Capital Wasteland (Capital das Terras Perdidas). Então o herói é praticamente expulso do lar e decide ir em busca do pai. Dependendo da vontade do jogador, pode-se partir então numa jornada para ajudar a recomeçar a civilização.
A grande civilização ocidental.
Ao sair do abrigo, a primeira visão de uma cidade devastada é ofuscada pela luz natural do sol. Olhando ao redor a sensação de desolação é inevitável, estando em meio a um árido deserto, com restos de casas, construções monumentais e a ameaça de criaturas mutantes e bárbaros desumanos. O primeiro assentamento amigável onde se pode ter abrigo é construído ao redor de uma bomba desativada. E a maioria dos moradores de tais vilas, que costumam ser bem cercadas e armadas, vêem como impossível a sobrevivência do lado de fora. Há sempre saqueadores, mercenários e escravistas. Claro que a escravidão é uma das formas de comércio/trabalho que voltariam a ser comuns com o fim da sociedade. Mas...se houve tantos sobreviventes, o que houve com o governo? Nos Estados Unidos é tão importante a segurança do presidente, outros políticos e os militares que os protegem. Seria certo que ainda houvesse alguma forma de governo. De certa forma.

A Irmandade e o Enclave.

Power Armor da Irmandade do Aço

Tudo que restou do governo são duas facções rivais chamadas Enclave e Irmandade do Aço. Amba se ocupam primordialmente de recuperar tecnologia e conhecimento pré-guerra, com pouca ou nenhuma preocupação com a população em si. Aparentemente os cientistas e militares que formam as organizações podem são autoindicados melhores para repovoar o país. Mas as duas organizações também são originárias da costa oeste do país, onde se passam os dois primeiros jogos. Algumas diferenças existem entre elas lá e em Washington, na costa leste onde se passa Fallout 3. O enclave é extremamente hostil, e é comandado por um auto denominado presidente Eden o qual reserva uma surpresa ao fim do jogo. O destacamento da Irmandade do Aço é mais preocupada com a população desprotegida da capital e trabalha como polícia; apenas onde é mais interessante, óbvio, podendo até ser aliada do protagonista.


Uma pitada de macabro.

Muitas coisas sutis, sempre com um pouco de sangue.

Interessante é que praticamente tudo no enredo do jogo esconde algo de sinistro, ou corrupto. Para começar, as empresas Vault-tec que supostamente construíram os vaults para abrigar a população, na verdade os fez com intuito de realizar experiências. É possível ver isso no jogo quando você encontra outros vaults. Um foi tomado pelos supermutantes, resultado de uma dessas experiências. Outro, muito bem escondido em um cemitério abrigou apenas um morador, que teve de conviver com fantoches de mão. Essa história é contada em tiras no site da Bethesda. Há ainda os robôs que acompanham, protegem e servem os NPC’s (personagens que não são do jogador). Alguns apresentam tendências psicóticas. Espalhadas pelo jogo há diversas menções até a humor negro, mas também ao valor de uma boa ação.

A história se repete.

Fallout é, ao meu ver, uma visão pessimista mas extremamente realista de um futuro possível. Claro que dramatizada, cheia de elementos fantásticos que não diminuem o horror, mas tornam mais atrativo o jogo como um passatempo.O jogo em si é uma obra de arte, palos gráficos, música ambiente, enredo. Maravilhoso. Contudo, se um cataclisma como o da história acontecesse não seria de forma alguma belo. E o perigo deve ser considerado. A maior potência mundial é conhecida como paranóica, gananciosa, intrometida e está constantemente em guerra com outros países por isso. Para quem estuda um pouco de história terá conhecimento dos fatos. Em tempos de segurança, quando todos pensam que as barbaridades do passado não são mais possíveis, acontecem as coisas mais absurdas. Ao fim do século XIX, com o avanço da tecnologia em armas cada vez mais letais e destruidoras, cientistas falaram na ”guerra para acabar com todas as guerras” que seria tão terrivel, que todas as nações se conscientisariam em arranjar acordos pacíficos a partir dela, com medo de que se repetisse. Essa foi a Primeira Guerra Mundial, e ela só levou à Segunda. Na Segunda Grande Guerra, inventaram o que seria “a arma para acabar com todas as guerras”. Doce piada. Ela não acabou com as guerras, muito pelo contrário. A mais destrutiva criação do homem, como prevê esta história, pode acabar com muitas coisas. Mas a guerra, a guerra nunca muda...


Memento Mori

Curiosidades
Como em todo bom jogo de RPG há uma unidade monetária para você comprar cerveja na taberna. Em Fallout, com a destruição da casa da moeda, o dinheiro são tampinhas de garrafa. E não é de qualquer garrafa não, só é dinheiro se vier do refrigerante Nuka-Cola.

A voz do presidente do Enclave é emprestada de Malcolm McDowell, protagonista do filme Laranja Mecânica de Stanley Kubrick.

Qualquer semelhança com o filme recente O Livro de Eli, é mera coincidência, mas bem que podia não ser. O filme tem um enredo completamente diferente, mas também é ótimo no mesmo tema pós-apocalíptico. Para quem gostar do estilo vale ver também a trilogia Mad Max e o anime Desert Punk.




Trailer legendado do jogo.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Festim Diabólico

Uma festa com o banquete servido sobre o caixão do convidado mais esperado.

Rope, (corda em inglês), é o título original dessa produção de 1948, do mestre Alfred Hitchcock. O roteiro foi baseado numa peça teatral e em um caso real, de Loeb e Leopold, estudantes da Universidade de Chicago, que cometeram um crime de forma semelhante à narrada no filme.


Philip Morgan (passivo)

Brandon Shaw
Essa é a história de Brandon Shaw e Philip Morgan (claramente um casal homossexual, embora a censura da época não deixasse nem que se mencionasse a palavra), que valorizavam os ensinamentos de um antigo professor, Rupert Cadell , sobre a teoria do super-humano de Nietzsche segundo a qual, um homem pode ser superior a outros, tendo assim direito inclusive sobre suas vidas. Não é simplesmente pensar que há pessoas no mundo que apenas ocupam espaço, mas o assunto no filme é abordado de maneira bem superficial, para apenas se entender. Os dois cometeram um homicídio apenas pelo prazer e desafio de cometerem o crime perfeito, considerando tal coisa uma arte. E a vítima foi justamente um colega menos inteligente dos tempos de escola, David Kentley.
Os bons americanos morrem jovens no campo de batalha. Os Davids desse mundo apenas ocupam espaço.
O grande ponto, o especial desse filme, não é o assassinato em si, tão normal em filmes e na vida real que não mereceria sequer comentários, nem a arma do crime que dá nome ao filme. É a forma grotesca como eles decidem “celebrar” seu ato. Colocaram o corpo dentro de um baú que ficava na sala, forraram-no, amontoaram comida entre dois castiçais... E deram uma festa, convidando os familiares e amigos de David. O horror fica por conta da fraqueza de Philip, temendo que a brincadeira da festa seja descoberta, sendo mais torturado pelos flertes de Brandon com o perigo, sempre dando pistas aos convidados. Mas o grande erro foi mesmo convidar o antigo professor com a esperança de que ele apreciasse o que foi feito.
Onde está David? Por que está tão atrasado para a festa?Será que algo aconteceu com ele? O suspense no fim é você saber a resposta a essas perguntas e todo o horror que isso implica. O que você sentiria ao descobrir que a pessoa que você espera está dentro do baú? O que você sentiria se você não quisesse que o baú fosse aberto?

memento mori.


Comentários técnicos.

Alfred Hitchcock foi o pai do suspense e do horror no cinema, um mestre. Infelizmente a maioria das pessoas hoje nem respeitam a sétima arte como tal, nem admiram filmes clássicos como este. Festim Diabólico não foi um grande sucesso por pouco. Discordâncias entre o roteirista, Arthur Laurents, e Hitchcock e o tema inapropriado para a época são dois motivos.

Homossexualismo era algo que, nas Américas, era tratado como se não existisse. Na Europa era crime. Foi difícil encontrar atores que quisessem se arriscar com tais personagens. Os que aceitaram, tiveram dificuldade de interpretar cenas mais íntimas. O professor Rupert Cadell, interpretado por James Stewart, supostamente teve um caso com um dos protagonistas, mas isso não é perceptível no filme. A relação entre Brandon e Philip é mostrada como eventuais trocas de elogios e olhares denunciadores. E o grande suspense do filme ficou incerto com uma simples decisão do diretor. Arthur Laurents escreveu o roteiro sem nenhuma aparição da vítima, para que a platéia se perguntasse assim como os personagens, o que houve com David? Eles realmente o mataram? Ele está no baú?
Mas Hitchcock fez a cena inicial mostrando o homicídio, o que nos tirava a duvida, dando certeza até de que eles seriam pegos. O suspense então se resume a, quem vai abrir o baú e quando. Mas, de certa forma, essa certeza não estraga o filme. É um elemento de macabro que tornou o diretor célebre.

Além disso havia sua visão de filmar uma peça de teatro. Alfred Hitchcock tentou em vários de seus filmes fazer toda a produção com um único take, fazer o filme sem cortes de cena nem montagem. Mais que economizar com um editor, era a visão artística dele, mas impossível, pois os rolos de gravação só tinham dez minutos. Então, para esconder os cortes, ele filmava as costas de alguém ou uma cena sem ninguém. Mesmo assim fica a vista (o que se torna um jogo para quem vê esses filmes, contar os cortes de cena).

E uma curiosidade, o mestre do suspense gostava de fazer uma aparição em todos os seus filmes, de maneira silenciosa e quase escondida. Mas Rope foi um desafio, pois o filme inteiro se passava dentro de um único apartamento. A solução foi fazer os créditos iniciais mostrando a rua em frente ao prédio dos assassinos, na qual Hitchcock aparece passeando.
Festim Diabólico foi um dos lendários “cinco filmes perdidos de Hitchcock”, pois ele havia recomprado seus direitos para deixá-los de legado para a filha, e só voltaram a estar acessíveis ao público em 1984.